quinta-feira, 9 de maio de 2013

Documentário sobre a capoeira é lançado no Rio de Janeiro




A contribuição da capoeira para constituição da identidade histórico-cultural brasileira é tema do documentário Paz no Mundo Camará: a Capoeira Angola e a Volta que o Mundo Dá, de Carem Abreu, lançado nesta quarta-feira (8) na sede do Arquivo Nacional, no centro do Rio de Janeiro. Com trilha sonora do cantor Gilberto Gil e cerca de 50 entrevistados, entre mestres, artistas e pesquisadores, o documentário retrata as mudanças de percepção da capoeira no país: de atividade marginal a instrumento de inclusão social, reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro.



O documentário é resultado de três anos de registros visuais da cineasta e da antropóloga Carolina Césari. Elas pesquisaram 58 locações em cinco estados (Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Alagoas) e levantaram mais de 300 documentos iconográficos do acervo do Arquivo Nacional. "A pesquisa começou no ano de 1602, com o surgimento do Quilombo dos Palmares e vai até 2011, com a morte, aos 92 anos de idade, do mestre João Pequeno de Pastinha", disse Carem.



Durante as gravações, elas identificaram quatro movimentos marcantes no processo de sedimentação da capoeira no contexto social brasileiro: origem à diáspora, que abrange as mudanças ocorridas entre os séculos 16 e 18; marginalização e perseguição, do século 18 ao século 20; folclorização e institucionalização, séculos 20 e 21; e globalização e projetos sociais, que corre a partir do século 21.



Segundo a diretora, há cem anos a capoeira foi considerada uma atividade criminosa, chegando a ser incluída no artigo 402 do Código Penal de 1890, que tratava dos vadios e capoeiras. A arte passou por diversos movimentos até ser transformada em símbolo dos movimentos de resistência sociocultural. "A capoeira é hoje um instrumento de paz no mundo", disse Carem.



Sobre o reconhecimento da importância da capoeira nas últimas décadas, a antropóloga Carolina declarou que "muitas vezes as pessoas da comunidade não valorizam seus mestres, considerando-os de pouco valor cultural". Atualmente, segundo ela, "os estrangeiros entendem mais a representatividade cultural da capoeira para a construção da identidade brasileira, e por isso decidimos fazer esse filme. A ideia é mostrar a importância dos saberes populares para ampliar o seu valor simbólico para essas pessoas".

domingo, 5 de maio de 2013

Parabéns ao Grupo Muzenza



O Grupo Muzenza de Capoeira, foi fundado em 5 de maio de 1972, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como seu fundador, Paulo Sérgio da Silva (Mestre Paulão), oriundo do grupo Capoarte de Obaluaê, do Mestre Mintirinha (Luís Américo da Silva).

Em outubro de 1975, chega a Curitiba – Paraná – Mestre Burguês (Antônio Carlos de Menezes), que depois de lecionar nos bairros do Méier e Madureira, no Rio de Janeiro, decide fundar mais um núcleo do Grupo Muzenza no Sul do Brasil, implantando e desenvolvendo uma metodologia e uma filosofia própria, voltada para as raízes da capoeira, tendo introduzido essa modalidade em clubes, quartéis, escolas, academias, comunidades carentes e comunidades negras.

Mais de 15.000 alunos, já passaram pelo Grupo Muzenza de Curitiba, e hoje o Grupo se faz presente em 26 estados brasileiros, e 35 países, buscando sempre os fundamentos e as raízes da capoeira através de muita pesquisa.

Desde 1975, o Grupo passou a ser presidido pelo Mestre Burguês


veja a entrevista de Mestre Burguês



Ha mais de 30 anos difundindo a capoeira no Brasil e no mundo desde que assumiu o comando do Grupo Muzenza, em 1975, transferindo a matriz para o Paraná, Mestre Burguês vem trabalhando incansavelmente pelo desenvolvimento da capoeira. Implantou trabalhos em clubes, academias, escolas, comunidades carentes, universidades e quartéis;fundou a Federação Paranaense de Capoeira e a Super Liga Brasileira; publicou vários livros; realizou inúmeros eventos, entre eles campeonatos mundiais, encontros e festivals; lançou dezenove CDs e dois DVDs.

Numa entrevista exclusiva para a revista Praticando Capoeira Mestre Burguês fala sobre o trabalho do Grupo Muzenza no Brasil e em outros paises, a expansão da capoeira no exterior, os maiores problemas que a capoeira e o capoeirista enfrentam atualmente, alem de dar dicas de como ser um capoeirista bem sucedido.

Entrevista


Como está, atualmente, o trabalho do Grupo Muzenza no Brasil e no exterior ?

Mestre Burguês: O trabalho no Grupo Muzenza tem crescido especialmente nas escolas e comunidades carentes. Estamos procurando desenvolver cada vez mais o trabalho de alto rendimento. Também estamos trabalhando na divulgação e preservação dos verdadeiros mestres. No exterior, o trabalho tem crescido cada vez mais. Procuramos implantar a capoeira nas escolas de Portugal, Espanha e Israel. Tambem temos divulgado nosso trabalho com menores infratores e drogados, procurando sociabilizá-los através da capoeira. Já temos alcangado bons resultados!

Qual a tendência que a capoeira tende a seguir fora do Brasil ?

Mestre Burguês: Me preocupa muito como a capoeira esta sendo vendida fora do Brasil, já que ela não para de crescer em todos os continentes. Muitos professores despreparados, que não estao transmitindo todas as vertentes que a capoeira oferece nem os seus fundamentos e tradições.

E dentro do Brasil ?

Mestre Burguês A capoeira no Brasil está passando por uma série de crises, entre elas a falta de alunos. A tendência é o capoeirista voltar ao passado tendo que trabalhar em outra profissao e lecionar capoeira a noite ou nos finais de semana.

Como a capoeira é vista, hoje, fora do Brasil (tanto a Capoeira Regional como a Capoeira Angola) ?

Mestre Burguês A Capoeira Regional tem sido vista como uma grande obra realizada pelo Mestre Bimba mas pouco transmitida como ela foi ensinada. A Capoeira Angola é bem vista apesar de ter poucos mestres divulgando a arte.

Os conflitos que acontecem entre os grupos no Brasil tambem existem no exterior ?

Mestre Burguês Nao, pois a mentalidade dos capoeiristas no exterior e totalmente outra. Lá vemos professores ajudando colegas de outros grupos, que no Brasil são inimigos. Vejo que podera haver uma mudança de fora pra dentro do Brasil.

Quais os maiores problemas que a capoeira e o capoeirista enfrentam atualmente ?

Mestre Burguês Um dos grandes problemas da capoeira é a falta de reconhecimento do governo com a nossa arte, já que ela é uma das grandes divulgadoras da nossa cultura. O capoeirista tem sofrido por nao ter sua profissão regulamentada.

Como resolvê-los ?

Mestre Burguês Acredito que para tentar resolver essas questões precisaremos de muita união e amor pela capoeira.

Quais as dicas que voce daria para aqueles que querem se desenvolver na capoeira (em todos os sentidos): performance de jogo, financeiramente, reconhecimento na comunidade, etc ?

Mestre Burguês Para você ter uma grande performance de jogo é necessário ter muita dedicação, procurar estar sempre atento em pesquisar e fazer cursos com os verdadeiros mestres tradicionais. Aqueles que querem crescer financeiramente na profissão, além de trabalhar muito, devem guardar tudo aquilo que ganham e investir bem para sempre ser um mestre bem sucedido financeiramente. 0 reconhecimento pela comunidade é só com o tempo e com o trabalho que apresentar.

Para você, o que e ser capoeirista ?

Mestre Burguês Ser capoeirista é respeitar a arte, fazê-la com amor e a transmitir com honestidade, lealdade, educação e humildade. Ser capoeirista e ter caráter.

Fale um pouco sobre o novo CD que esta lançando.

Mestre Burguês Esse é o nosso 19° CD. Procuramos, como sempre, dar oportunidade as novas revelações do nosso grupo. São vinte cantigas no ritmo de Sao Bento Grande da Regional. O lançamento oficial aconteceu nos dias 26 e 27 de novembro, no Rio de Janeiro, no Encontro Brasil Intemacional Capoeira Muzenza.

REVISTA PRATICANDO CAPOEIRA Nº 33