sexta-feira, 30 de março de 2012

Mestre Suassuna


Reinaldo Ramos Suassuna,
o Mestre Suassuna,
é um dos mais conhecidos e talentosos
nomes da história da capoeira



Começou seu aprendizado ainda garoto em sua cidade natal, Itabuna-BA, por conta de um problema muscular em suas pernas que o obrigava a praticar algum esporte.

Nesta época, freqüentava as rodas de rua, onde estavam presentes grandes capoeiristas da região, como os Mestres Sururú, Bigode de Arame e Maneca Brandão.

Para buscar mais conhecimento, viajava esporadicamente para Salvador, onde freqüentou os mais famosos terreiros de capoeira da Bahia.

Os mestres Bimba, Canjiquinha, Pastinha, Waldemar, Caiçara e alguns outros, tornaram-se a referência para desenvolver seu trabalho, sendo os dois primeiros com maior destaque e que viriam a diplomá-lo no futuro, reconhecendo seu trabalho como Mestre.


Em 1965, Mestre Suassuna veio para São Paulo e em 1967 criou o grupo Cordão de Ouro juntamente com Mestre Brasília na Vila Mariana, seguindo a mesma linha da ACRESI (Academia Regional de Itabúna) que viria se tornar ACRESP.

Está no hall dos grandes nomes que trabalham em prol da capoeira de São Paulo e dos capoeiristas.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Carolina Soares

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Canto na Areia traz músicas dos ritos tradicionais da cultura afro brasileira, como o samba de roda, ao lado de composições inéditas de mestres da Capoeira e uma regravação de “Meia Lua Inteira”, do Carlinhos Brown - sucesso na voz de Caetano Veloso. O CD surpreende pela qualidade de sua produção que se esmera nos mínimos detalhes, desde a preocupação em ser fiel aos toques do berimbau até manter a liberdade de interpretação da cantora, que lembra, com o seu canto, a cultura criada nas ruas e nos guetos, destacando-se a força de suas interpretações.

Carolina Soares foi criada na cidade paulista de Iguape, onde começou sua carreira artística, cantando em bares noturnos, com repertório que ia do blues ao Rock-Brasil de Cássia Eller. Em setembro de 1998, foi para São Paulo, onde passou também a conviver com o mundo da Capoeira: percorria as “rodas“ e os grandes eventos, conhecia os mestres e os capoeiristas. Era natural que, em contato diário com a capoeira, dela absorvesse o lado musical. Surgiu, então, o projeto para lançar o primeiro CD, Músicas de Capoeira – Vol I, com todas as faixas cantadas por uma mulher. Ela foi a escolhida e o sucesso, imediato. Em conseqüência, Carolina tomou algumas aulas de canto e, dois anos depois, gravou o segundo CD - Músicas de Capoeira – vol II, também sucesso absoluto de mercado, com ritmos de Benguela, São Bento Grande, Angola, Jogo de Dentro, faixa bônus de Hip-Hop Capoeira e Samba de Raiz, trazendo quatro composições de autoria da cantora. Em seguida foi lançado o terceiro CD: Carolina Soares – Pout-pourri de Capoeira, nas bancas de jornal de todo o país.

Destacando-se a cada ano no mercado fonográfico da Capoeira, Carolina incorporou o Samba em seu repertório, continuando fiel aos ritmos brasileiros. Em 2004, no Dia Nacional do Samba que aconteceu no Teatro Sérgio Cardoso (SP), Carolina Soares foi aplaudida pela velha Guarda do Samba Paulista, com seu trabalho reconhecido e aceito.
Há alguns anos, a cantora se apresenta semanalmente no Bar Brahma, uma das maiores vitrines do samba paulista.

Entrevista a Fábio Rayel

Como é a recepção dos homens sabendo que uma mulher está cantando a capoeira?
Sou sempre bem recebida, os homens a pricipio me olham com curiosidade e logo passam a admirar o meu potencial de voz na roda. Dessa forma consigo admiração e respeito de todos. Sempre pedindo licença e respeitando as tradições da capoeira antes de começar o meu canto.


Você esta quebrando uma tradição? Por que sempre a capoeira foi cantada por homens?
Talvez porque a visão das mulheres praticantes de capoeira sejam mais machistas do que a visão dos homens. E por isso elas não se aventuravam até então a soltar a voz nas rodas. Ainda existe o tabu, pois até hoje não há no mundo um CD de capoeira gravado por outra mulher, sou pioneira e imaginei que outras mulheres fariam como eu fiz, mais ainda não ocorreu.

O que te levou, por que e como foi que você foi parar no mundo da capoeira?
Em 1998 vim para São Paulo. A partir daí, passei a ter uma vivência com o mundo da Capoeira, através de uma revista de capoeira no qual eu era a relações públicas. Fui me aprofundando: percorria as “rodas“ e os grandes eventos, conhecia os mestres e os capoeiristas. Com essa convivência comecei a me questionar do porque não uma mulher cantando, resolvi então me dedicar à música da capoeira.

Quais são influências da Clara Nunes no seu trabalho?
Escutei Clara Nunes pela primeira vez, depois que tinha gravado o meu primeiro CD. Fiquei emocionada com a sua voz e interpretação e identifiquei o meu estilo com o trabalho dela. Desde então ela passou a ser uma referência de pesquisa para mim

Professora Criança


NA RODA COM A MULHER

A cada dia que passa as mulheres estão conquistando mais espaço. Seja na roda da vida. Uma prova disso é Lilia Benvenuto Lima, conhecida no universo capoerístico como Criança. Seu primeiro contato com a Capoeira aconteceu aos 14 anos, em Niteroi, Rio de janeiro, local onde nasceu e crou-se. O som evovente do berimbau que vinha de uma Academia próxima a sua casa, cada vez mais a atraía e contagiava. Na primeira oportunidade que teve fez uma aula e daí em diante não parou mais.Hoje, aos 25 anos, Criança é corda azul (instrutora) do Grupo Muzenza e esposa do Mestre Burguês. Atualmente, desenvolve um trabalho com Capoeira em uma pré-escola, na Academia Muzenza e Personal Training.
Seus planos são de continuar trabalhando em prol da Capoeira para uma melhor organização.
Conheça um pouco mais sobre essa incrível personalidade na entrevista que a Revista Practicando Capoeira realizou:

P. Capoeira: Como você vê a mulher hoje na Capoeira?
A mulher procurou primeiramente a Capoeira pela sua beleza lúdica, da influência do musicalidade e o fascínio do movimentos. Hoje encontramos nessa nobre arte uma forma de nos expressar, aproveitando da riqueza dos movimentos para manter um tônus muscular alcançando uma beleza corporal maior próxima do ideal. A mulher também esta aproveitando a facilidade de educar através dos movimentos da capoeira, trabalhando em projetos infantis, deficientes visuais, deficientes auditivos e outros.


P. Capoeira: O que está faltando para melhorar a Capoeira feminina?
Organização da própria mulher em criar condições para se desenvolver como capoeirista. Tais como encontros femininos, debates, palestras, etc…

P. Capoeira: Como está a Capoeira femenina no Sul do país?
A mulher começa tomar o seu espaço dentro da Capoeira do Sul pela própia necessidade da vida social femenina, o pensamento voltado para que “todos somos iguais independente do sexo”. Sabemos que nesse esporte em especial, valeu-se por muito tempo “o machismo”, hoje já mais moderado pela conquista do espaço feminino.

P. Capoeira: Além de você, têm outras mulheres que se destacam no grupo Muzenza ?
O Grupo Muzenza sempre teve grande participação feminina. Hoje encontramos não só as brasileiras se destacando dentro do grupo. As “Gringas” como são chamadas as estrangeiras, començam a mostrar que são boas capoeristas.

P. Capoeira: O fato de ser esposa do Mestre Burguês influencia a sua Capoeira?
Tento não deixar influenciar na Capoeira a fato de eu ser esposa de um dos maiores Mestres de Capoeira (Mestre Burguês).

P. Capoeira: Fale um pouco sobre o Mestre Burguês.
Um Homen simples com personalidade forte, determinado que retribui o que a Capoeira lhe deu através do seu trabalho.

P. Capoeira: Qual o futuro da mulher na Capoeira?
O futuro da mulher na Capoeira eira é sem dúvida de igualdade, principalmente pela importância feminina em eventos, campeonatos… e abrindo ainda um novo campo que seria a aceitação da mulher como instrutora, professora e mestra de Capoeira

terça-feira, 6 de março de 2012

O Modismo da UFC e a Capoeiora



Hoje em dia só se fala em UFC (Ultimate Fighting Championship). Essa luta oriunda do Jiu-Jitsu e outras formas de luta-livre foi criada pelo brasileiro Rorion Gracie nos Estados Unidos e por lá se desenvolveu. Atualmente vemos UFC em todos os lugares: horário nobre da televisão, jornais, telenovelas, capas de revista, transmissões ao vivo, comerciais de TV, outdoors espalhados por todo o país. Até um filme para o cinema foi produzido e tem estréia marcada para breve.

Todo mundo já conhece e sabe o nome dos golpes, as finalizações, o mata-leão, a gravata, os socos e pontapés. Já temos os nossos heróis – Minotauro, Anderson Silva e outros “brucutus” – que espancam os seus adversários sem dó nem piedade num espetáculo tão dantesco de brutalidade, que chega a respingar sangue das telas de LCD que assistimos confortavelmente de nossos sofás.

É incrível a capacidade que a mídia possui nas chamadas “sociedades da informação”, de criar modismos, heróis, gostos e preferências. Até há pouco tempo essa luta era apenas mais uma atração esportiva perdida entre milhares de outras nos canais fechados de televisão a cabo e, de repente, de uma hora para outra, passa a ser a nova “paixão nacional”. Alguém – certamente muito poderoso – decide de seu gabinete de gerência de alguma grande rede de televisão que o UFC é a bola da vez e pronto !

Todo um esquema é montado para que essa luta apareça em tudo quanto é programa, novela e comercial de TV. E como o nosso pobre país é totalmente influenciado por tudo que a telinha resolve mostrar (vide a mediocridade do Big Brother Brasil – um insulto à inteligência e à dignidade nacionais), rapidamente o UFC é incorporado ao nosso cotidiano, às conversas de bar e de salão de beleza, ao noticiário, aos sonhos infantis de futuros campeões da modalidade.

Aí chegamos naquela pergunta que não quer calar: por que não a capoeira ? Por que essa esquizofrenia de exaltar uma luta que apesar de ter sido criada por um brasileiro, tem toda a sua formatação e organização influenciada pela cultura norte-americana do show business ? E por que ao invés disso, não se criam os mesmos espaços na mídia e mecanismos de divulgação para a capoeira, que é uma das expressões mais legítimas da nossa cultura ?

Será que os responsáveis pela televisão e pela mídia em geral do nosso país ainda possuem aquela velha mentalidade colonizada, que procura supervalorizar expressões culturais que vem de fora (leia-se Estados Unidos da América) em detrimento daquilo que vem das tradições da nossa cultura e do nosso povo ? Ou será que trata-se de uma atitude deliberada de alienar cada vez mais o nosso pobre e sofrido povo brasileiro, afastando-nos a possibilidade de valorizarmos e conhecermos melhor nossa própria cultura, nossas tradições, nossos verdadeiros heróis ? Ou será que é tudo isso junto, somado ao desejo desenfreado pelo lucro fácil ?

Recentemente perdemos um dos grandes baluartes da capoeira aos 94 anos de idade – o mestre João Pequeno de Pastinha que faleceu em dezembro último, e qual a repercussão desse fato na mídia ? Nos jornais locais da Bahia houve uma pequena cobertura e nada mais. A grandeza desse homem, o seu significado para a cultura brasileira que se espalhou pelo mundo através da sua capoeira angola, sequer tiveram um mínimo espaço de divulgação no noticiário nacional.

Boa parte dos cidadãos comuns, brasileiros de todas as idades e classes sociais, hoje em dia sabem o que é o UFC e quem são Minotauro ou Anderson Silva. Mas quantos desses sabem que foi o mestre João Pequeno ? Quantos sabem quem foi Pastinha ou Bimba ? Quantos conhecem a história da capoeira ? Quantos sabem dizer as diferenças entre a capoeira angola e a regional ? Ou quem foi Besouro Mangangá ? Ou ainda Zumbi dos Palmares ? Ou o mestre Salustiano da Rabeca ? Ou Cartola ? Ou Batatinha ? Ou Chico Mendes ? Ou Clementina de Jesus ? assim como tantos e tantos outros personagens da nossa cultura popular, heróis que deram dignidade à história desse pais.

Urgente se faz recuperar nossa auto-estima, exigir que nossa dignidade, nossa memória, nossas histórias, nossos verdadeiros heróis sejam valorizados e respeitados. Nada contra o UFC, nem seus lutadores, eles que tenham o seu espaço e seu público ávido por violência. O que precisamos exigir é que nossa cultura seja tratada pela mídia, com a mesma dignidade e valorização com a qual são tratados esses modismos que vez por outra invadem nossas casas, através da imposição sem critérios de uma programação medíocre e indecente que nos empurram goela abaixo.

Precisamos dispor de alternativas para elegermos aquilo do que gostamos e que valorizamos. Se só nos apresentam um tipo de música, de filme ou de programa de TV, é só disso que podemos gostar. Ninguém pode gostar daquilo a que não tem acesso, que não conhece. A gente quer ver a nossa cara na TV, ouvir música boa, assistir a filmes que nos façam pensar. A gente quer jogar e entender de capoeira. A gente não quer só comida !